terça-feira, 29 de outubro de 2013

Muito além da gargalhada



Muito além do "fazer rir", o grotesco tem também a finalidade de chocar. Esse recurso estético é caracterizado por apoderar-se do rebaixamento corporal, mediado por deslocamentos de sentido e por referências às partes baixas do corpo, tais como os órgãos genitais e tudo o que é produzido por eles (urina, fezes, flatulências, etc.). A mostruosidade, vista em geral através das deformações físicas, também pode constatemente ser encontrada nas produções de conteúdo grosteco e  compõe o grotesco teratológico, uma das quatro espécies ou modalidades expressivas defendidas pelos professores brasileiros Muniz Sodré e Raquel Paiva na obra O império do grotesco (2002), as outras três são, a saber,  chocante, crítica e escatológica - esta última pode ser definida com o que inicia a postagem, ou seja representa situações que fazem referência a dejetos e secreções corporais, partes baixas do corpo, entre muitos outros. 

A mostruosidade e a conotação sexual ou o ato libidinoso mostrado  no cinema, na TV, em revistas, jornais e internet, e constantemente reproduzidos nas letras musicais e nas piadas de humorísticos do rádio, constitui um dos mecanismos mais utilizados por esses veículos de comunicação de massa como forma de obter visibilidade, alavancar a audiência, consquistar públicos e, obviamente, obter lucratividade. 

De acordo com Santaella (1992, p. 19) um dos aspectos das mídias está na concorrência existente entre esses meios, ao afirmar: “[...] mídias da mesma natureza, velada ou abertamente, competem entre si: canais de TV, jornais, revistas, etc. lutam pelos primeiros lugares de vendagem e audiência”. A partir das afirmações da autora é cabível fazer uma analogia acerca do que foi dito por Silverstone (1999). Segundo ele, são três os mecanismos de engajamento textual utilizados pelas mídias para persuadir, agradar e seduzir para, com isso, atrair o público desejado: a) a retórica, b) a poética e c) o erotismo. Para o autor, a linguagem midiática é persuasiva ao passo em que busca influenciar, mudar pensamentos, atitudes e valores a fim de alcançar interesses próprios. Ela produz encantamento por sua capacidade de criar histórias distantes do mundo real, que provocam fascínio, estimulando o prazer. Este, por sua vez, costuma manifestar-se acompanhado de certa dose de erotismo

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Humor e riso na cultura midiática

Roberto Elísio e Regina Rossetti

O riso é um fenômeno social e humano. Como um fenômeno tipicamente humano, o riso e o humor manifestam-se na cultura. E como um fenômeno social, na contemporaneidade de uma sociedade midiatizada, o riso e o humor manifestam-se na mídia. É nessa perspectiva que ‘trabalha’ a obra Humor e riso na cultura midiática - Variações e permanências, mais um lançamento de Paulinas Editora.

Organizada em nove capítulos pelos professores Roberto Elísio dos Santos e Regina Rossetti, pesquisadores do Programa de Mestrado em Comunicação da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), a obra aborda o humor e o riso nos vários campos da comunicação: jornalismo, publicidade, televisão, cinema, rádio, além de falar do humor na caricatura, na charge, na história em quadrinhos, na crônica, na imagem, nos sitcoms, no cinema e na música popular brasileira.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

A cultura midiática e o humorismo


A cultura midiática e o humorismo é um dos temas abordados no trabalho de Roberto Elísio dos Santos que integra o primeiro capítulo da obra Humor e riso na cultura midiática - variações e permanências, intitulado Reflexões teóricas sobre o humor e o riso na arte e nas mídias massivas.


O artigo explana que a Revolução Industrial não trouxe apenas um sistema capitalista consolidado, mas possibilitou o surgimento de novas formas de comunicação que por intermédio de seus variados meios, impresso, televisivo, cinematográfico e radiofônico, passaram a fornecer conteúdo para um número cada vez mais crescente de receptores, além de  se tornarem fontes de lucro. Para vencer a concorrência, esses veículos utilizaram e utilizam até hoje recursos como o humor a fim de seduzir a audiência. "Ele se faz presente nos jornais e revistas (por meio da caricatura, da charge, do cartum e da História em Quadrinhos), no cinema, na programação radiofônica e televisiva, e recentemente passou a ser encontrado em sites." (SANTOS, 2012, p. 43).

Em uma sociedade que se afasta dos ditames morais e das amarras religiosas, na qual o hedonismo e o consumo são incentivados, onde há promessas incessantes de prazer, e que o riso não é apenas permitido, mas estimulado e exigido, o humor transforma-se em ferramenta de marketing a serviço da venda. Nessa sociedade do espetáculo e do devaneios, o humor pode ser comprado para ser usufruído por um determinado prazo. (SANTOS, 2012, p. 43).

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Riso e melancolia

De Sérgio Paulo Rouanet 


Nas primeiras linhas de 'Memórias póstumas de Brás Cubas', de Machado de Assis, o narrador avisa que adotou uma forma semelhante à de Sterne e Xavier de Maistre e que escreveu seu livro com a pena da galhofa e a tinta da melancolia. Diz ainda que em vez de começar a história a partir do início, preferiu contar primeiro o fim. No prólogo da terceira edição da obra, Machado adiciona o nome de Almeida Garrett aos dos inspiradores daquela forma 'difusa e livre' - todos eles viajantes, observa. Para Rouanet, os elementos enumerados por Machado bastam para definir uma forma, que denominou 'forma shandiana' - termo derivado do 'Tristram Shandy', de Sterne -, e cujas características estruturais são; hipertrofia da subjetividade; digressividade e fragmentação; tratamento especial dado ao tempo e ao espaço; e interpenetração de riso e melancolia. 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O bobo da corte


Bobo da corte, bufão, bufo ou simplesmente bobo é o nome pelo qual era chamado o "funcionário" da monarquia encarregado de entreter o rei e rainha e fazê-los rirem. Muitas vezes eram as únicas pessoas que podiam criticar o rei sem correr riscos,uma vez que sua função era fazê-lo rir, assim como os palhaços fazem nos dias atuais.

Bufão é um tipo característico do grotesco. Existe desde a idade média, estando presente na corte, no teatro popular, sendo cômico e considerado desagradável por apontar de forma grotesca os vícios e as características da sociedade. O corpo do bufão caracteriza-se pela deformidade e o exagero, sendo o excesso uma de suas principais características. Também apontado como Arlequim, Faustaff ou Bobo da corte.

Foto/Reprodução da internet.

O bobo teve origem no Império Bizantino. No fim das Cruzadas, tornou-se figura comum nas cortes européias, e seu desaparecimento ocorreu durante o século XVII. Vestia uniformes espalhafatosos, com muitas cores e chapéus bizarros com guizos amarrados. Inspirou a 13ª carta do baralho e, nos dias atuais, o famoso vilão, arquiinimigo do Batman.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Como funciona o riso

Artigo extraído do site HowStuffWorks Brasil.

O que é risada


Em primeiro lugar, risada não é a mesma coisa que humor. O riso é a resposta fisiológica ao humor. A risada consiste em duas partes: um conjunto de gestos e a produção de um som. Quando rimos, o cérebro nos pressiona a realizar ambas as atividades simultaneamente. Quando damos gargalhadas, acontecem mudanças em muitas partes do corpo, até nos músculos do tronco, do braço e das pernas. Sob certas condições, nossos corpos executam o que a Enciclopédia Britânica descreve como "ações involuntárias, expiratórias, vocalizadas e rítmicas", mais conhecida como risada. 

Por que rimos


Muitos pesquisadores acreditam que o propósito do riso está relacionado com fazer e fortalecer as conexões humanas. "A risada acontece quando as pessoas sentem-se à vontade umas com as outras, quando se sentem abertas e livres. E quanto mais riso (há) maior vínculo (ocorre) dentro do grupo", diz o antropologista cultural Mahadev Apte. Esta resposta à "união" vínculo-risada-maior vínculo, combinada com o desejo de não ser discriminado pelo grupo, pode ser outra razão de porque o riso geralmente é contagioso. 
Foto/reprodução da internet.

As pessoas são 30 vezes mais propensas a rir em eventos sociais do que quando estão sozinhas (e sem estímulo pseudo-social da televisão). Mesmo o óxido nitroso ou o gás do riso, perde muito efeito quando empregado por uma pessoa sozinha, de acordo com o psicólogo alemão Willibald Ruch. 

O riso no cérebro


O estudo fisiológico do riso tem nome próprio: gelotologia. Pesquisadores observaram as seguintes atividades específicas:

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Humor e riso segundo Freud


Para Sigmund Freud, humor e sonho expressam desejos inconscientes com efeitos tranquilizadores, ao passo em que o cômico surge a partir de ações ou objetos de entretenimento, estranhos e ridículos, capazes de refletirem em risada pela percepção contrastante do que foi exposto ou emitido, e o humor como um comportamento caracterizado pela insensibilidade perante os infortúnios. Em todos esses casos, as normas vigentes são ignoradas, principalmente quando a expressão emitida ou objeto da comicidade tem conotação sexual, agressiva ou bizarra.
 
Sigmund Schlomo Freud (1922-1939)
O cômico está diretamente vinculado ao sonho, segundo Freud, através de seu estudo sobre o chiste e a relação deste com o inconsciente e o prazer advindo do humor. O chiste consiste na anedota, na piada ou mesmo no trocadilho que se reverte em riso, gerando  prazer ao tempo em que libera o ser humano de suas emoções reprimidas. 

Tanto o riso quanto o humor estão diretamente relacionados à sexualidade e à obscenidade, "e a importância de que se revestem esses fatores decorre do significado de distensão da face aos tabus impostos pela sociedade e interiorizados na mente dos indivíduos" (SANTOS; ROSSETTI, p. 29). A comicidade e o risível funcionam, então, como um mecanismo de defesa às ansiedades e angústias do sujeito, assim como ocorre nos sonhos.


Referência bibliográfica: SANTOS, Roberto Elísio dos; ROSSETTI, Regina. Humor e riso na cultura midiática: variações epermanências. São Paulo: Paulinas, 2012. P. 188-198.

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