sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Sitcoms



Os sitcoms, em inglês comédias de situação, são produções televisivas que retratam situações do cotidiano das pessoas, normalmente de modo cômico, sob a forma de seriados semanais com episódios que duram de 30 a 40 minutos e que permanecem no ar enquanto houver audiência. Esses programas, que já tiveram presença marcante no meio televisivo brasileiro, conseguem captar, de acordo com Elizabeth Duarte, "[...] as nuances do humor nacional, desempenhando, talvez mais eficientemente que outros, as funções de entreter e, por que não, de fazer refletir."  (apud SANTOS e ROSSETTI, 2012, p. 149). As histórias, curtas e independentes, são contadas em cenários fixos nos quais personagens representam o cotidiano de um grupo ou de uma família com temas envolvendo os mais variados acontecimentos da vida real, azares, defeitos e peripécias que circundam o cotidiano comum, mesclados com um toque de humor, desviando-se assim da seriedade que expressam os temas.


Friends, A grande família, The Big Bang Theory, Two and a Half Men e muitos outros são exemplos de sitcoms. Foto; internet

A autora faz uma analogia às ideias de Bergson que acredita na constituição do cômico a partir do desvio de uma ideia natural por intermédio de outra tonalidade, desde um tom vulgar a uma ironia bem construída. O fato é que nos sitcoms as temáticas assumem tons opostos que intercalam momentos  sérios e humorísticos (os tons lúdicos, por sua vez, podem assumir as formas de grosseria, baixaria, escrachamento, etc.) e acabam por construir uma identidade que difere das demais produções fictícias televisionais.   

Entenda-se como tom "a presença de determinados traços  de conteúdo da situação comunicativa, estruturados estrategicamente, com vistas a captar a atenção do telespectador e convidá-lo a compartilhar de disposições como seriedade vs. ludicidade; leveza vs. peso etc. - propostos pelo enunciador, dando a conhecer o modo como o telespectador deve interagir com o produto que lhe estar sendo ofertado." (apud, SANTOS E ROSSETTI, 2012, p. 150).

Os tons manifestam-se sob a forma de categorias e subcategorias que giram se articulam em torno de uma categoria principal denominada disposição, estruturada em dois polos opositivos: a sobriedade ou seriedade, presente em enunciados de conteúdo relevante que objetivam sempre transmitir credibilidade ao seu enunciatário acerca do que está sendo emitido; e a ludicidade ou gozação, discurso que confere efeitos de irrelevância ao conteúdo anunciado, visando apenas entreter o enunciatário. Compõem ainda a categoria disposição os eixos espiritualidade, responsável por conferir os sentidos elegância e de malícia ao que está sendo veiculado a fim de desafiar o enunciatário. E o eixo da trivialidade que confere ao que está sendo enunciado sentidos de mesmice, banalidade ou mesmo vulgaridade, objetivando neutralizar as tensões.

Sitcom All in the Family , exibido pela CBS  de 1971 a 1979.
A Rede Globo de Televisão é a emissora brasileira que mais investe em sitcoms. De 2003 a 2006 tinha em sua grande de programação que trouxeram grande audiência à emissora carioca, como Os normais, Os aspones, A grande família, Sob nova direção, A diarista, Minha nada mole vida e Toma lá, dá cá, além de Sai de baixo que voltou a ser exibido após onze anos. 

Programas desse gênero foram um dia importados de emissoras norte-americanas, mas logo passaram a ser produzidos pelos canais de TVs do Brasil dada sua experiência com a teledramaturgia, e encontraram neles uma maneira barata de ganhar audiência - e consequentemente publicidade - através do humor proporcionado pelas comédias de situação uma vez que os gastos com cenário e elenco são significantemente menores haja vista que os personagens são fixos e as cenas raramente são gravadas em locais diferentes.

Alguns desses seriados receberam adaptações nacionais, como é o caso de A grande família, adaptação da série americana All in the family, da rede CBS. A versão brasileira inspirou a surgimento de outro sitcom de grande sucesso da TV Globo, o Sai de baixo, apresentado ao público pela primeira vez em março de 2001 e que recentemente obteve algumas temporadas a mais.

 A grande família


A Grande Família é uma série de televisão brasileira de comédia de situação criada por Oduvaldo Vianna Filho e Armando Costa para a Rede Globo. A série é uma reinterpretação contemporânea da série original, exibida entre 1972 e 1975, tendo como personagens principais os membros da família Silva, que consiste em Lineu Silva, Dona Nenê, Agostinho Carrara, Bebel, Tuco e, mais tarde, Florianinho Carrara. Os Silva são uma família de classe média brasileira, moradora de um subúrbio na Zona Norte do Rio de Janeiro.

A grande família, versão brasileira de All in the Family.
Desde sua estreia, em 29 de março de 2001, a série já exibiu 462 episódios e sua décima terceira temporada estreou em 4 de abril de 2013, tornando-se a mais longa série de televisão brasileira. O longa-metragem do programa foi lançado em 26 de janeiro de 2007, e foi assistido por cerca de 2 milhões de espectadores.

A série tornou-se um grande sucesso, sendo indicada a diversos prêmios e consolidando-se como o programa humorístico mais assistido da televisão brasileira. Em 2008, a série recebeu indicação ao Emmy de melhor ator pela atuação de Pedro Cardoso. 

Sai de baixo


É um sitcom brasileiro criada por Luis Gustavo e Daniel Filho, exibida nas noites de domingo pela Rede Globo entre 31 de março de 1996 e 31 de março de 2002. Com episódios escritos por Miguel Falabella, Rosana Hermann, Maria Carmem Barbosa e Euclydes Marinho, dentre outros roteiristas, o programa foi um sucesso de crítica e audiência. Mas, apesar de conquistar um público fiel, foi cancelado em 2001 pela Globo, que decidiu investir no então crescente mercado de reality shows. Votou a ser exibido na mesma emissora neste mês com previsão para acabar em  a 24 de novembro, marcando a volta do sitcom aos domingos.

Márcia Cabritta, Toni Ramos, Marisa Orth, Luís Gustavo, Aracy Balabanian e Miguel Falabella no 1º episódio da temporada 20013. Foto: RD1.


















O formato do programa era diferente também dos sitcoms norte-americanos, no sentido de que era bastante informal: por ser gravado no palco de um teatro paulistano, o Procópio Ferreira, estimulava assim a interação com o público. Os atores frequentemente interagiam com a plateia, esqueciam as falas ou riam das próprias situações que estavam encenando. Cada episódio era gravado 2 vezes, e na edição do humorístico eram misturadas as melhores imagens de cada gravação.

Os sitcoms são tema do trabalho de Elizabeth Bastos Duarte intitulado Sitcoms; das relações com o tom, o texto está presente no capítulo 6 da obra Humor e riso na cultura midiática, de Roberto Elísio e Reggina Rossetti (orgs.). Daremos continuidade a esse assunto nas próximas postagens.

Márcia Cabritta, Marisa Orth, Luís Gustavo, Aracy Balabanian e Miguel Falabella - See more at: http://rd1.ig.com.br/televisao/reestreia-de-sai-de-baixo-atinge-altissima-audiencia-na-globo/214625#sthash.9sJ6WCEO.dpuf
Observação: Embora a expressão comédia de situação seja feminina, sua abreviação (sitcom) é empregada no meio televisivo no masculino.



Referências:
SANTOS, Roberto; ROSSETTI, Regina (Org.). Humor e riso na cultura midiática. São Paulo: Paulinas, 2012.
A grande família:  http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Grande_Fam%C3%ADlia_%282001%29
Sai de baixo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sai_de_Baixo
RD1: http://goo.gl/f6P3iO

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