terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Análise estética da pegadinha "Pisca-pisca" do programa do Mução



A pegadinha analisada tem como vítima uma mulher chamada Célia, nordestina casada com Clodoaldo e que foi indicada por uma filha que repassou para a produção do programa do Mução um apelido muito indesejado por Célia. Ela possui uma movimentação involuntária da pálpebra, piscando excessivamente os olhos e por isso recebeu a alcunha de "pisca-pisca", nome dado às luzes de Natal usadas para decoração de árvores e imóveis nesta época do ano.  O personagem, interpretado por Rodrigo Emerenciano, identifica-se com um representante da IRA, Instituição de Reclamação Alheia, obviamente uma instituição fictícia, mas que recebe crédito da receptora do trote:

- Dona Célia, a gente tá ligando porque os vizinhos tem reclamado muito que vocês aí tão passando dos limites com essas coisa de conversa, de fofoca, dessas coisas, sabe?
- [..] Não, não, minha família é da paz, nós não gosta de fofoca.
- Teve uma mulher que ligou muito irritada e disse que a senhora ficava até de madrugada acordada olhando por cima do muro pra ficar pastorando quando a filha dela chegava com o namorado e inventou que ela tinha pegado um bucho dele.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Sugestão de leitura: Estética da criação verbal


Mikhail Bakhtin

 

Prefácio

Mikhail Bakhtin (1895-1975) é uma das figuras mais fascinantes e enigmáticas da cultura européia de meados do século XX. A fascinação é facilmente compreensível: obra rica e original à qual nada pode ser comparado na produção soviética em matéria de ciências humanas. Mas a essa admiração acrescenta-se um elemento de perplexidade, pois somos inevitavelmente levados a perguntar: quem é Bakhtin, e quais são os traços distintivos de seu pensamento? Pois este tem facetas tão múltiplas que por vezes nos pomos a duvidar que se tenha originado sempre de uma única e mesma pessoa.

A obra de Bakhtin chamou a atenção do público em 1963, ano em que foi reeditada sua obra sobre Dostoievski, publicada originalmente em 1929 (e que já fora notada na época), numa forma sensivelmente modificada. Mas esse livro apaixonante, Problèmes de la poétique de Dostoïevski (trad. franc., 1970), bem que já colocava problemas, se nos interrogássemos sobre sua unidade. Compõe-se, em linhas gerais, de três partes bastante autônomas: o primeiro terço é constituído da exposição e da ilustração de uma tese sobre o universo romanesco de Dostoievski, expressa em termos filosóficos e literários; o segundo, de uma exploração de alguns gêneros literários menores, os diálogos socráticos, a menipéia antiga e as produções carnavalescas medievais, que são apresentados por Bakhtin como a raiz de que descenderia Dostoievski, enfim, o terceiro terço comporta um programa de estudos estilísticos, ilustrado por análises dos romances de Dostoievski.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Sobre o grotesco


De acordo com os dicionários Abbagnano (1998),  “grotesco é tudo que diverge ao tipo natural", enquanto o brasileiro Aurélio (2004) o define como o “adjetivo que suscita o riso ou escárnio.” o Houaiss (2002), diz que o grotesco é a  “categoria estética cuja temática privilegia o disforme, o ridículo, o extravagante.”

O termo surgiu em Roma, no final do século XV, para denominar ornamentos estranhos encontrados nos porões do palácio de Nero, em frente ao Coliseu. A palavra deriva de grotta, “gruta”, “porão”, em italiano. No século XVI é usado para definir aquilo que é ridículo, bizarro ou extravagante e no século XIX o fenômeno passa a ser considerado uma categoria estética, através do prefácio de Cromwell, de Vitor Hugo.

Em 1987, Mikhail Bakhtin diz, através da obra A cultura popular na Idade Média e no Renascimento – o contexto de François Rabelais que a compreensão do grotesco se dá pela cultura popular:
 
Ao contrário da festa oficial, o carnaval era o fundo de uma espécie de libertação temporária da verdade dominante e do regime vigente, de abolição provisória de todas as relações hierárquicas, privilégios, regras e tabus. Era a autêntica festa do tempo, a do futuro, das alternâncias e renovações... (BAKHTIN, 1987, p. 8-9).

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Humor gráfico: caricatura, charge e cartum


O humor gráfico, isto é, impresso, se disseminou com o desenvolvimento das técnicas de impressão e a popularização do jornal, a partir do século XVIII. As ilustrações eram acompanhadas ou não de textos de conteúdo político ou social e as imagens satirizavam ou criticavam as atitudes de pessoas públicas.

Caricatura de James Gillray (1757-1815).
James Gillray, um caricaturista britânico que ridicularizava através de suas gravuras as vidas política e social da Inglaterra, no final do século XIX. Também no século  XIX, ficaram famosas as charges do ítalo-brasileiro Angelo Agostini, que demonstravam sua insatisfação para com o governo de Dom Pedro II.

Charge de Angelo Agostini (1843-1910).
A caricatura é a representação da figura humana, especialmente de pessoa pública, composta de traços exagerados e distorcidos, transformando-a em personagem cômico ou ridículo. Essa ilustração se faz presente em formas narrativas, como a charge, o cartum e a História em Quadrinhos de humor, seja pela estilização do traço do desenho, seja pelo retrato deformado de alguma personalidade.  

A caricatura é "interpretada voluntariamente de forma distorcida sob seu aspecto ridículo ou grotesco. É um desenho que, pelo traço, pela seleção de detalhes, acentua ou revela certos aspectos ridículos de uma pessoa ou de um fato. Na maioria dos casos, uma característica saliente é apanhada ou exagerada. "(FONSECA, 1999, In: SANTOS, 2012, p. 78.).

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Rituais de Sofrimento

Silvia Viana
 
Constrangimento, dor, palavrões, excreções, sensualidade vulgarizada, piadas de mal gosto. Este é o panorama da grande maioria dos programas humorísticos do Brasil, mais especificamente o Pânico na TV, exibe o que há de melhor no humor e o de mais pobre na humanidade. Um humor sem graça, mas muito apoiado e curtido por muitos.

A autora Silvia Rodrigues, em seu mestrado que virou livro, lançado em outubro deste ano, traça os caminhos do Rituais do Sofrimento, apresenta os porquês da espetacularização da violência, do humor grotesco, dos realitys alcançarem sucesso facilmente e conquista fãs. 

Fazendo uso de um estudo de caso, analisa os rituais e mecanismos de dominação em vários produtos televisivos da indústria cultural brasileira, com especial atenção ao maior deles, o Big Brother Brasil, no ar há treze anos. O estudo também abrange programas e filmes de Hollywood que perpetuam a mesma lógica brutal. Assim como no BBB, o assassino Jigsaw da franquia Jogos Mortais, por exemplo, não almeja a morte/eliminação de suas vítimas: ele quer que elas sobrevivam. Mais que isso, que sobrevivam a qualquer preço.

Bibliografia: RODRIGUES, Silvia Viana. Rituais de sofrimento. São Paulo, 2011. Disponível em PDF

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

XXIII Encontro de Iniciação Científica da UFAL


Por Fernanda Ferreira e Mirian Oliveira


Visando avaliar e tornar público os resultados das pesquisas pertencentes ao Pibic, ocorreu neste mês, entre os dias 03 e 05 de dezembro, o XXIII Encontro de Iniciação Científica, O dia 04 de dezembro foi reservado aos trabalhos na área de Comunicação Social e a pesquisa que deu origem a este blog esteve presente e mostrou os principais resultados obtidos durante a primeira fase do trabalho, que foi renovado por mais um ano. Este encontro, em específico, ocorre anualmente na Universidade Federal de Alagoas, UFAL, há mais de 20 anos, sendo organizado pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPEP).

Mirian Oliveira, bolsista Pibic.
A estudante do 7º período de Relações Públicas, Mirian Oliveira, falou sobre os resultados da pesquisa intitulada Programa do Mução: o império do riso grotesco e cruel nas ondas do rádio, diante da banca formada pelos professores Dr. José Homero de Souza Pires Júnior, da UNISINOS - RS e Dr. Pedro David Russi Duarte, da UNB.

Os trabalhos são avaliados por professores de outras Universidades, dentro do processo do PIBIC e os melhores serão premiados com o Certificado de Excelência Acadêmica e poderão ser convidados para serem reapresentados na Reunião Anual da SBPC que acontecerá em julho de 2014, na Universidade Federal do Acre. Este ano, foram apresentados 787 trabalhos oriundos do Pibic/Ufal  que oferece 575 bolsas, sendo 275 do CNPq, 200 com recursos da Propep e cem pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal). Além dos bolsistas, o Pibic conta com outros 350 alunos que participam dos projetos como colaboradores.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Fascínio pela violência: MMA

                                                                                           

Foto: Reprodução da internet.
A violência atrai públicos, independente de classes sociais, faixa etária e educação, por esse, dentre outros motivos – muito graças a grande mídia – uma luta, um tipo de combate formado por diversas artes marciais, conhecido antigamente como Vale Tudo, atual Mixed Martial Arts (MMA) e as lutas de Ultimate Fighting Championship (UFC), ganhou grande notoriedade e fãs em todo Brasil, invadindo noticiário e artigos esportivos.


A prática de artes marciais e mais especificamente o MMA e sua respectiva divulgação não é uma problemática, uma vez que a prática de esportes é bem vinda, independente da área de atuação dos esportistas. No entanto, a espetacularização da violência e adoração do público pela dor e sofrimento dos lutadores é forte dentro dos locais onde as lutas são realizadas.
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